20 junho 2014

A MALDIÇÃO DA PINGUELA- segunda parte


                                         A MALDIÇÃO DA PINGUELA  -  (continuação)

         Todos ficaram ansiosos e curiosos para saber o que estava escrito naquela carta. Então, Praxedes, o filho mais velho, iniciou a leitura, em meio a grande silêncio. A carta orientava a família para obedecer o último desejo do falecido coronel: ele ordenava que seu corpo fosse enterrado na capela da vila e, que dentro de seu caixão deveriam colocar a caixa escondida sob sua cama. Exigia, ainda que a caixa não poderia ser aberta. Todos correram ao quarto do coronel para achar a caixa; ela estava dentro de um alçapão, sob a cama. Mas, como a curiosidade era maior que o respeito ao defunto, abriram a caixa, e nela, para horror de todos, havia lá dentro: um cálice de ouro, sujo de sangue, um crucifixo de prata, todo torto e uma imagem de ferro de Satã. Estava confirmado o pacto do coronel, com Satanás.
         Acontece que o padre ficou sabendo da história, e não deixou que o coronel fosse enterrado dentro da igreja.Permitiu o enterro no terreno ao lado da mesma, mas sem a misteriosa caixa.
         Assim sendo, foi feito o enterro, e a caixa foi enterrada, na encruzilhada, ao lado de uma pinguela da fazenda, muito usada pelo povo da região.
          O tempo foi passando, os filhos do coronel gastaram toda a fortuna deixada de herança, em viagens e farras e, acabado o dinheiro, foram vendendo pedaços da fazenda, até que nada mais restou do império do coronel. O bisavô de Zeca comprou uma parte daquelas terras, justamente onde ficava a pinguela. Corria a lenda que nas noites de sexta-feira, na lua nova, quando tudo fica na maior escuridão, o fantasma do coronel aparecia e perseguia quem por ali passasse. Diziam, ainda, que quem tentou fazer isso, nunca mais foi visto.
          Para evitar transtornos, na família do avô de Zeca, todos eram proibidos de passar pela pinguela, nas noites de lua nova. 
         Mas o avô de Zeca arranjou uma namorada, que morava num sítio vizinho ao deles. Para encurtar caminho, ele passava pela pinguela, quando ia visitar a moça. Numa dessas visitas, quando o namoro era vigiado pelos pais, o rapaz perdeu a noção do tempo, pois a conversa estava animada com o futuro sogro, a comida e a bebida eram servidas com fartura e ele se esqueceu das recomendações maternas. O relógio da sala bateu onze badaladas! O moço ficou apavorado: dormir na casa da namorada, não seria decente. A família dele ficaria preocupada, se não voltasse. 
         E agora?

                                 ( continua no próximo capítulo )




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