29 maio 2012

Outras histórias

   O mês de junho em Garça tem uma festa especial: a Festa das Cerejeiras, que este ano será de 7 a 10 de junho. Essa festa ocorre há vários anos celebrando a florada das cerejeiras plantadas ao redor de um lago artificial de nossa cidade, atraindo muitos visitantes que podem ver a beleza dessas árvores floridas e percorrer os caminhos de um bonito jardim oriental.
Mas essa festa tem também a sua história: há muitos anos um menino que viria a ser chamado de Senhor  Nelson Ishissato,chegou ao Brasil junto a outros imigrantes do país do Sol Nascente- o Japão. Aqui ele cresceu mas não se esqueceu de sua terra natal e da maravilha das cerejeiras em flor. Amante da Natureza tanto pesquisou que conseguiu adaptar essa árvore ao clima de Garça. Com carinho paternal, ele, pela manhã, já estava ao redor do lago, onde plantou as primeiras mudas das plantas que floresceram pelos idos dos anos 80.
Que beleza! Não há quem não se admire das cores das mimosas flores!
   Como o Grupo Pirlimpimpim bem lembrou na Noite de Contos do último dia 10 de maio, a imigração japonesa foi muito grande em Garça e, no mês de junho nós costumamos contar histórias que vieram da terra desse povo tão laborioso e respeitável, com muita tradição e costumes diferentes do brasileiro, que aprendeu a gostar de seus espetáculos na festa, suas danças e comidas até incorporadas no dia a dia como o yakissoba, só para exemplificar.
   Mas podemos gostar de suas histórias também, como essa aqui, muito popular no Japão principalmente nas regiões onde a neve chega a atingir até três metros de altura e permanece por até 6 meses. Ela chega a ser trágica, mas é bela e, já foi  contada várias vezes em nossas sessões de contos para jovens de 14 anos ou mais. Eles gostam muito.




A MULHER DE NEVE
   Há muitos anos, no antigo Japão, um rapaz vivia sozinho pois não havia encontrado uma noiva que o fizesse feliz.
   Certa noite ele, como de costume estava em sua casa quando ouviu batidas na porta. Como ventava muito e a neve caia com força, ele demorou um pouco para entender que podia ser alguém querendo fugir da violenta tempestade. Quando abriu a porta viu uma jovem caida no chão. Compadecido o rapaz levou a moça para dentro de sua casa e, ela logo acordou do desmaio, mas o seu rosto era muito, muito branco. Branco como a nev, pensou o rapaz que ficou apaixonado perdidamente pela moça, que era, realmente muito linda.
   Ele, então, a pediu em casamento.
Eles viveram felizes por todo o inverno que era bem intenso na região, mas quando a primavera foi se anunciando e a neve começou a derreter-se, a jovem foi ficando cada dia mais triste, mais fraca e mais magra.
   Muito preocupado, o rapaz não sabia mais o que fazer para alegrar sua amada. Pensou, então em fazer uma festa: seria uma festa para saudar a chegada da estação da primavera. Organizou tudo com carinho e cuidados.Chamou vários amigos que vieram alegremente para saborear as bebidas e comidas preparadas pelo rapaz. Em dado momento ele chamou a esposa , mas ela não atendeu ao seu pedido. Procurou-a em todos os cômodos da casa mas não a viu em parte alguma. Todos ficaram alarmados e ajudaram nas buscas, até que o rapaz viu, junto ao fogão, o que restara da misteriosa jovem, branca como a neve: o bonito quimono novo que ganhara para a festa, mergulhado numa poça de água diante do fogão: ela havia se derretido como a neve agora que era primavera!

15 maio 2012

Garça e os imigrantes

No dia 10 de maio de 2012 o Grupo Pirlimpimpim mais uma vez apresentou a noite de contos para adultos: INCAS...ITALINA...GARÇA DE ANTANHO V.
As contadoras: Vera Lúcia, Marisa, Nancy e Maria Helena
Marisa foi a mestra de cerimônias do evento fazendo a introdução com este lindo texto:
"Relembrar é uma atividade salutar. É o reencontro com nós mesmos, lugares, tempo, lembranças, passado...
A memória é uma das formas de se conhecer o passado, e as histórias orais, alimentadas pela memória, se constituem uma outra forma de se olhar e manter vivo esse passado que tem assento nas pedras dos calçamentos, naquela parede que sobrou de uma casa, na árvore frondosa, no traçado das ruas, na arquitetura dos prédios, no álbum de fotos e em tudo que fica guardado em nosso pensamento.
Mesmo só restando ruínas, ficamos ligados a lugares, fatos e pessoas.
Enquanto houver memória e o passado for lembrado, de forma individual ou mesmo coletiva, resta o tempo, o fato  ou alguém...
Cada um de nós tem uma versão para um mesmo fato, porque a memória dá voz às pessoas por meio de lembranças diversas, de histórias vividas em tempos distintos e por meio também dos vários e diferentes narradores.
Seguindo a tradição do Grupo Pirlimpimpim, Marisa
faz a cerimônia da vela que homenageia os contadores de
histórias do mundo inteiro!
A memória é a nossa alma, nossa identidade e, quanto mais envelhecemos (ou vivemos), mais recordações temos e mais narrativos nos tornamos e, tudo o que realmente carregamos, retidos na memória ou transformados em histórias, parecem ser locomotivas e trens carregados de gente, mercadorias, lugares, cores, chuva, sol, flores, cheiros, verão, inverno, dia, noite e sonhos, muitos sonhos..."




Como no mês de maio comemora-se o aniversário da cidade de Garça, que completa agora 83 anos de emancipação política, o Grupo Pirlimpimpim Contadores de Histórias faz um trabalho de pesquisa em documentos  ou entrevistas para coletar fatos interessantes acontecidos ao longo desse tempo. E não faltam histórias! Os inúmeros personagens parecem ir surgindo numa cadeia de acontecimentos envolvendo e emocionando a todos na platéia que, de alguma forma participaram dos fatos ocorridos. Sem os heróis do passado da cidade não estaríamos aqui, certamente.
Passado, presente e futuro são interligados; por isso precisamos conhecer o que aconteceu bem antes termos nascido e contar aos nossos filhos e netos que, por sua vez se encarregarão de transmitir às outras gerações. É o ciclo da Vida.




Ao apresentar o seu tema, Nancy mostrou, com grande competência, as origens da principal riqueza de Garça: o café, que já teve tempos mais áureos, mas que em 1916 era a meta dos primeiros colonizadores da região, atraindo milhares de pessoas com destaque para os imigrantes que deixaram a terra natal e vieram enfrentar terríveis dificuldades com a esperança de uma vida melhor.Aos primeiros colonizadores brasileiros vieram juntar-se italianos, espanhóis, sírio-libaneses, armênios,japoneses e outras nacionalidades em menor número, mas todos com esperanças de um futuro melhor, apesar dos sofrimentos nos navios que os traziam de sua Pátria distante.
Essa noite de contos foi uma pequena homenagem aos s imigrantes que vieram derramar seu suor no solo garcense!

Continua...