21 maio 2015

COMO CONTAR HISTÓRIAS.


                                                   TIPOS DE NARRATIVAS

             Continuando nosso papo sobre a arte de contar histórias, podemos destacar os seguintes tipos de narrativas:
             MITO: narrativas dos tempos heroicos, referentes a deuses encarnadores da natureza, aspectos da condição humana, fatos de personagens reais exagerados pela imaginação popular ou pela tradição. 
             LENDA: narração de caráter maravilhoso.
             FÁBULA: narração alegórica que encerra uma lição de moral, tendo, geralmente animais como personagens principais.
             CONTOS MARAVILHOSOS: são os contos de fadas clássicos, cheios de magia e prodígios.
             CONTOS INICIÁTICOS: ensinam a conhecer os valores do homem, da sociedade, do trabalho.
             CONTOS ETIOLÓGICOS: sobre a origem das coisas.
             CONTOS HUMORÍSTICOS: sobre a graça, ironia, críticas.
             ANEDOTA: relato breve de um fato engraçado.
             PIADA:ironia, lorota.
             BIOGRAFIA: narração da vida de alguém.
             SAGA: narrativa rica de incidentes, em prosa, histórica ou lendária.
             PARÁBOLA: narração alegórica por comparação de realidades de ordem superior.
             APOLOGIA: discurso ou narrativa em que figuram, falando, animais ou coisas inanimadas.
             ALEGORIA: exposição de um pensamento sob forma figurada.
             FATOS HISTÓRICOS: narração de fatos passados e reais. 
             PASSAGENS BÍBLICAS: baseadas na Bíblia.
     

            Partindo dessa classificação básica, costumamos contar nossas histórias, respeitando as faixas etárias, que nos assistem, e adequando-as:
            ATÉ 3 ANOS: idade pré-mágica- histórias de bichinhos, de brinquedos, animais com características humanas, enredos simples e textos curtos.
            DE 3 A 4 ANOS: idade do fascínio, contando histórias com enredo mais elaborados, fantasioso, fatos inesperados e repetitivos, com personagens infantis ou animais.
            DE 5 A 6 ANOS: idade realista, com histórias que falam do lar, da vida real, com textos curtos e com muita ação.
            Até os 6 anos, as crianças gostam de ouvir a mesma história, várias vezes.
            DE 7 A 9 ANOS: idade fantástica, quando as histórias usam a fantasia de forma mais elaborada, como nos contos de fadas ou de personagens poderosos.
            DE 10 A 12 ANOS: idade heroica, com histórias de viagens, explorações, fábulas,mitos e lendas, com teor humorístico ou de terror.

            UMA BOA HISTÓRIA PODE SER ADAPTADA, PARA SER CONTADA PARA PESSOAS DE QUALQUER IDADE.


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             O contador poderá utilizar em suas contações vários recursos: cenário adequado, simples narrativa, bonecos e objetos, contar com o livro, com interferência dos ouvintes, fantoches, dedoches, gravuras, lenços,máscaras, músicas, teatro de sombras, dobraduras, desenhos, maquetes, rádio-novela, flanelógrafo, luvas, data show, etc.
           Cada contador vai encontrar o melhor recurso para a sua contação.

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              Depois de escolhida a história mais adequada para a ocasião, o contador irá estudá-la com cuidado, habituar-se com ela, conhecer os fatos ou situações que a compõem, tais como: o local onde ela acontece, a época, a trama, personagens, a mensagem que ela encerra. Ainda temos que observar e identificar, no conto, a introdução, o desenvolvimento, o clímax e o desfecho.
              Para a contação é indispensável anotar a duração da mesma: "não mais que dez minutos", pois pode ficar cansativa quando a plateia é de crianças. Adultos toleram um pouco mais. 

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                 É recomendável anotar numa agenda, o nome da história contada, seu autor, de onde ela foi retirada, alterações que você fez, primeira e quantas vezes contou, reações do público, recursos utilizados e suas próprias sensações. 
                Nunca se esqueça que uma história não deve ser decorada, mas sim, memorizada.
                Ensaiar muitas vezes, contando para si mesmo, em frente ao espelho, marcando o tempo é a melhor forma de contar histórias com sucesso. Não é necessário dramatizar, pois não é teatro, seja natural, como se estivesse conversando, sem afetações desnecessárias. SEJA NATURAL!
                
"UM CONTADOR DE HISTÓRIAS É UM GENTIL MENTIROSO, QUE SEMEIA SEU GRÃO DE ESPERANÇA, NO CORAÇÃO DAQUELES QUE O ESCUTAM."


            
           

19 maio 2015

CONTAR HISTÓRIAS É UMA ARTE!


                                     CONTAR HISTÓRIAS É UMA ARTE!
   
            Muitas vezes ouvimos pessoas nos perguntando o por quê de contar histórias. 
            Para nós contadores não é mistério algum: primeiramente contamos histórias porque gostamos.
            Mas somente essa explicação não é suficiente. Podemos destacar, entre muitas razões, as seguintes:
            * As histórias tornam as pessoas mais flexíveis, abertas, fazendo-as entender melhor seus semelhantes.
            *Elas transmitem significado para a vida, dando lições de sabedoria.
            *As histórias despertam a curiosidade, alargam horizontes, mostram outras formas de agir e pensar.
            *Elas trazem saúde mental, refazem a realidade sem fugir do mundo real.
            *Uma boa história exercita a memória de quem a conta e de quem a ouve.
            *Elas trazem momentos de cumplicidade e companheirismo, melhoram as relações entre pessoas e o diálogo é favorecido.
             *As histórias ajudam, e muito, o educador junto a crianças e jovens, pois é inesgotável a variedade dos temas.
              Poderíamos citar muitas outras razões, mas por hoje ficaremos apenas nessas acima. 
              As histórias são passadas de geração para geração, desde que a humanidade aprendeu a comunicação entre seus semelhantes, pela voz, por gestos, desenhos e até por sinais sonoros, como na música.
             Não existe uma regra definitiva, mas uma boa contação de histórias deve ser poderosa, convincente, e envolvente; é uma medida mágica compartilhada entre o contador e a audiência. É um encontro de mentes em que visões, valores, sentimentos e lembranças são transmitidos em forma de palavras. Numa contação de histórias são fundamentais:

             EMOÇÃO: o contador deve gostar do que faz  e do que vai contar; deve navegar na história para depois transmiti-la.
            EXPRESSÃO: o olhar do contador deve transmitir o que está sendo falado, daí a importância de olhar para todos os ouvintes.
            VOZ: é um elemento dramático e essencial, tendo que se observar a altura, volume, ritmo,pausas e vocabulário de fácil compreensão para o público ouvinte.
            SABER LIDAR COM AS INTERRUPÇÕES.
            ACREDITAR NO QUE CONTA, mesmo que seja uma grande fantasia.
            SABER IMPROVISAR quando, por exemplo, se esquecer de uma parte do conto, sem prejudicar seu entendimento, e sem demonstrar o seu erro. Por isso que uma história nunca é decorada, mas devemos ter domínio do "esqueleto" dela.
            SER ESPONTÂNEO, seguro de si, natural, sem afetação, o que se consegue, tendo perfeito conhecimento da história.

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           Como vocês podem ver, contar histórias é uma arte, porém, uma arte a qual todos nós somos capazes de praticar, precisando apenas de treinos, como qualquer outra atividade.
           TENTE! VOCÊ VAI GOSTAR!

              


















             

           

15 maio 2015

INDICAÇÃO DE LEITURA



                                          INDICAÇÃO DE LEITURA

                Nesta vida, tudo tem uma história. Hoje temos mais uma excelente crônica da jornalista Veridiana Sganzela Santos. Há alguns anos ela escreve seus textos no Jornal Comarca de Garça, nos falando de suas leituras e autores prediletos. 

INDICAÇÃO DE LEITURA

15/05/2015 -

O nascimento da crônica

“Nossa, que calor”. “É mesmo”. Pronto. Basta uma conversinha fiada dessa para que nasça uma crônica. Sim, a crônica pode nascer, e nasce muitas vezes, da falta de assunto. A falta de assunto é um material muito gostoso de se trabalhar. A falta de assunto é cheia de liberdade. Que o digam Rubem Braga, Carlinhos Oliveira, Paulo Mendes Campos, Carlos Drummond de Andrade, grandes mestres em transformar o nada em tudo. Mário Prata também domina essa arte, declara abertamente em muitos de seus textos: “hoje não tenho assunto”, e pá! Manda-nos uma crônica genial. Rachel de Queiroz tinha que escrever também a partir do zero e ainda ouvir de seu editor: “Precisamos fechar essa edição, dona Rachel de Queiroz!”.

Ser cronista tem suas delícias, mas também suas agruras. O fechamento de uma edição é uma delas. De ambas. Mas graças à leitura destes autores maravilhosos, um dia eu aprendo. Ainda tenho um pouco de medo de lidar com a falta de assunto, mas não dizem que “do nada veio o caos”? Então.

E centenas de vezes tive essa sensação. Centenas mesmo, só neste espaço de página até agora lá se vão 207 desafios de tirar uma conversa do nada. Quase 4 anos tentando sentir o que sentia a dona Rachel de Queiroz. Uma parte devo às leituras e outra parte acho que devo ao meu anjo da guarda, que também deve adorar literatura, vai saber... E também sou muito grata a este jornal. Mais do que estes quase 4 anos, a Comarca de Garça vem acolhendo minhas crônicas desde 2006, e assim parabenizo o jornal não apenas pelo seu aniversário e por seus 80 anos de história, mas pela paciência e pela gentileza de receber minhas letras.

Muitos dos meus autores favoritos eram jornalistas e cronistas, como Machado de Assis. Deste modo, digamos que eu posso me sentir fazendo parte deste rol de privilegiados - o Machadão lá no Olimpo, e eu pagando-lhes os tributos, claro. Dizia ele que as crônicas vêm quando menos de espera, num papinho destes sobre o tempo e os fenômenos atmosféricos; que existem desde antes de Abraão, Isaque e Jacó, antes de Noé. Não há como buscar na História o dia em que a crônica surgiu, mas talvez tenha aparecido numa conversa entre duas vizinhas, uma lastimando o calor e a outra contando sobre as ervas com que temperou o jantar.

Uma vez uns alunos do ensino médio me perguntaram “como vem a inspiração para escrever?”, “é muito difícil?”, “como trazer para a atualidade um texto mais antigo?”. São coisas da crônica. Disse-lhes que de todas as modalidades de literatura, a minha favorita sempre foi a bendita crônica, pela sua leveza e humor, a crônica permite tudo (sempre com uma pitada de bom senso); há que se ler bastante - livros, jornais, revistas, internet, quadrinhos (uma das melhores partes), até frasco de xampú! E há que se observar o mundo, as pessoas, os jeitos, as modas, as conversas, ouvir histórias, ouvir os mais velhos e os pequenos, ouvir até os bichos, as plantas, a água... Ou seja, basta estarmos abertos para um universo e a crônica vem. E que alegria imensa quando vem. Quem escreve, sabe.

Para quem lê, a crônica perde sua validade no momento em que se vira a página do jornal. Como diria um professor da faculdade: “no dia seguinte seu texto vai estar embrulhando peixe na feira”, talvez nos alertando para praticarmos o desapego. Não podemos criar laços com nossos textos. Depois de lidos, eles cumprem sua missão e morrem. Mas ainda assim, são gerados com carinho. Então, obrigada ao jornal Comarca pela chance de poder fazer nascer, viver e morrer estes meus pequenos filhotes.

12 maio 2015

CONTAR HISTÓRIAS? MARAVILHOSO!


                                            CONTAR HISTÓRIAS ? MARAVILHOSO!

                  Perceber os olhares curiosos e atentos!
                  Ouvir comentários sobre o conto.
                  Fazer a platéia rir ou se calar de apreensão.
                  Tudo isso, e muito mais, nos leva a contar histórias, para crianças, jovens e adultos. 
                  Às vezes alguém diz que não gosta de ouvir histórias, mas acaba gostando sim. Sabemos que algumas crianças podem estar contrariadas naquele momento. De repente,lá está ela rindo ou de olhos arregalados de interesse.
                  E nós, contadores de histórias, mais uma vez, nos sentimos felizes por ver sorrisos  de felicidade e encantamento!
                  Luís da Câmara Cascudo, num prodigioso trabalho de pesquisas pelo Brasil afora, coletou milhares de histórias, que são passadas de geração para geração. São histórias para ler e ouvir com grande prazer.
                  Destacamos esta para vocês: OS COMPADRES CORCUNDAS. 
                  Num lugarejo moravam dois corcundas; um era muito rico e o outro muito pobre. Eles eram compadres, também, como é costume entre o povo mais simples. O compadre corcunda pobre sentia-se infeliz pois as pessoas zombavam dele. Mas não zombavam do corcunda rico.
                  Para viver, o pobre saia pela floresta para caçar. Certo dia foi `a caça. Subiu numa árvore e ficou esperando que alguma presa caísse na sua armadilha. O tempo foi passando, e ele, cansado, dormiu. Quando acordou, já anoitecendo, desistiu de voltar para casa, dormindo ali mesmo. Mas escutou uma cantoria ao longe. Talvez fosse alguma festa! Desceu da árvore e foi seguindo o som do canto. Chegou numa clareira da floresta e assustou-se: um povo estranho, velhos, jovens e crianças, usando roupas que brilhavam refletindo o luar,dançava e cantava, de mãos dadas, repetindo o refrão:
                                        " Segunda, terça-feira
                                         Vai e vem."
                    Escondido num arbusto, o corcunda pobre, muito assustado, tudo via e ouvia. A cantilena não mudava. Horas depois, o corcunda foi perdendo o medo, e como gostava de festas e de tocar viola, do seu esconderijo cantou:
                                          "Segunda, terça-feira
                                            Vai e vem.
                                             Quarta e quinta-feira
                                             Meu bem".
                      A cantoria cessou e o povo estranho corria por todos os lados, procurando o autor da voz. Logo encontraram o corcunda pobre, e o carregaram como formigas carregam uma barata morta, até o centro da clareira, onde um velhão, com uma roupa que brilhava como diamantes, o interrogou:
                     _ Foi você que cantou? 
                     Muito assustado o corcunda concordou:
                      _ Sim, foi eu!
                      O velhão quis saber:  
                      _Quer vender seus versos?
                      _Sim, ou melhor vou dá-los de presente para vocês, pois eu gostei muito da dança e do seu canto.Podem ficar com eles!
                      O velhão e todo o povo esquisito riu para valer. O velho disse:
                      _Ficamos com os versos, mas como uma mão lava a outra, lhe daremos um presente.
                     O velho passou a mão na corcunda do pobre, que ficou alto e esbelto no mesmo instante. Deram-lhe, ainda uma bolsa, com a recomendação de abri-la apenas ao nascer do sol. 
                    O pobre voltou para seu lugarejo, e no caminho, quando o sol começou a raiar, ele parou  e abriu a bolsa. Quase morreu de alegria, pois ela estava cheia de moedas de ouro e pedras preciosas.
                      Agora ele não era mais pobre e nem corcunda. Comprou uma linda casa toda bem mobiliada, roupas novas, tudo o que o dinheiro pode dar de melhor. No domingo, montado num belo cavalo foi à igreja. Lá estava seu compadre rico, que muito se admirou de ver seu compadre pobre tão bem vestido e sem a corcunda. Quis saber o que acontecera. O compadre pobre contou todinha sua aventura na floresta. O compadre rico, que era invejoso, e por demais ambicioso ficou pensando numa forma de conseguir mais uma fortuna. Ele esperou outra lua cheia e foi até a floresta. Ouviu a cantoria e chegou perto. O povo esquisito cantava:
                                              " Segunda, terça-feira
                                               Vai e vem.
                                                Quarta e quinta-feira,
                                                Meu bem."
                       O compadre rico não esperou muito, e logo saiu berrando:
                                            " Sexta, sábado e domingo também."
                       Mas, imediatamente as pessoas esquisitas agarraram o rico, empurrando e batendo muito nele, carregando como formigas carregam barata morta e o jogaram no meio da clareira.
                      O velhão falou:
                      _ Quem mandou se meter onde não é chamado? O povo encantado não quer saber de sexta-feira, quando mataram o filho do Altíssimo, do sábado em que Ele ficou enterrado e do domingo, quando ressuscitou Aquele que nunca morreu! Não sabia, não? Pois fique sabendo agora! Para castigá-lo você vai levar o que deixaram aqui. Suma agora da nossa frente!
                    O velhão colocou a mão no peito do rico, deixando ali a corcunda do pobre. O povo esmurrava, beliscava e chutava o rico, que teve que fugir correndo, todo arranhado e machucado.
                   O compadre rico continuou rico, mas castigado pela sua ambição e inveja, agora tinha uma corcunda no peito e uma nas costas.







   

         




               


03 maio 2015

POR QUE CONTAR HISTÓRIAS?


                                      POR QUE CONTAR HISTÓRIAS?

        Contamos histórias porque gostamos, em primeiro lugar. Contar histórias faz parte da evolução da humanidade. 
        Quando contamos uma história sentimos que a imaginação cresce em direções jamais sonhadas.
         Voamos entre nuvens ou entre as borboletas num jardim. Subimos montanhas íngremes, mergulhamos nas águas profundas do mar, atravessamos florestas escuras e enfrentamos feras.
         As histórias transmitem mensagens de otimismo, além de divertir e passar ensinamentos.
         Esses são apenas alguns motivos para contar histórias! 
         Seja também um contador!
         
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