A MALDIÇÃO DA PINGUELA-( continuação )
O avô de Zeca estava apavorado com a situação: teria que correr muito para chegar antes da meia-noite, em casa, mas para isso teria que passar pela pinguela, por ficar mais curto o caminho. Porém, ele sabia que a noite era de lua nova, além de ser sexta-feira.
E o fantasma do coronel? Seria verdadeira a lenda?
O rapaz resolveu enfrentar o medo, despediu-se da namorada e partiu rapidamente, sem ter ao menos uma lamparina para iluminar o caminho, que ele conhecia tão bem.
Caminhava com passos rápidos e chegou próximo à pinguela. Parou e tentou ver ou ouvir alguma coisa. Mas tudo era silêncio e escuridão! Ele só ouvia as batidas de seu coração e sentia o suor escorrendo.
Pensou na história do coronel, mas também na braveza de sua mãe. E que braveza!
O rapaz tomou coragem, deu uns passos para trás e partiu numa louca disparada! Atravessou a pinguela em segundos, mas trombou em algo que mais se parecia com uma parede. A pancada foi tão forte que o jogou longe, deitado de costas. Ali ele ficou imóvel e aterrorizado; começou, então a ouvir o que lhe pareceram passos muito pesados. Lembrou-se das botas do coronel que pisavam fortemente no chão. Devia ser ele!
De repente, sentiu uma baforada quente e fedorenta, junto ao seu rosto! Não havia dúvidas: era o fantasma do coronel e havia chegado a sua hora! Então, ele desmaiou!
Acordou com a luz do sol da manhã, que já ia alta.
Olhou ao redor, e viu que estava perto da pinguela. Beliscou-se, para sentir que estava vivo.
Foi então, que ele viu um pouco mais distante, uma vaca do sítio. Era Mimosa, negra como uma noite sem luar,que pastava tranquilamente e olhava de soslaio para ele.
Lembrou-se,então, da sua louca corrida na pinguela, da trombada e da noite escura.
_ Hum, será que era Mimosa mesmo? Será? E se não era ela?
Por via das dúvidas, aquela foi a última vez que o avô de Zeca passou pela pinguela maldita, mesmo durante o dia!
Por muitos anos, ele contou essa história nas reuniões de amigos, ou da família.
E a pinguela ainda deve estar lá, perdida no meio dos pastos, esperando algum curioso ou descuidado. E o coronel? Sei lá!
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