21 junho 2014


                                A MALDIÇÃO DA PINGUELA-( continuação )

            O avô de Zeca estava apavorado com a situação: teria que correr muito para chegar antes da meia-noite, em casa, mas para isso teria que passar pela pinguela, por ficar mais curto o caminho. Porém, ele sabia que a noite era de lua nova, além de ser sexta-feira.
            E o fantasma do coronel? Seria verdadeira a lenda?
            O rapaz resolveu enfrentar o medo, despediu-se da namorada e partiu rapidamente, sem ter ao menos uma lamparina para iluminar o caminho, que ele conhecia tão bem. 
            Caminhava com passos rápidos e chegou próximo à pinguela. Parou e tentou ver ou ouvir alguma coisa. Mas tudo era silêncio e escuridão! Ele só ouvia as batidas de seu coração e sentia o suor escorrendo.
            Pensou na história do coronel, mas também na braveza de sua mãe. E que braveza!
            O rapaz tomou coragem, deu uns passos para trás e partiu numa louca disparada! Atravessou a pinguela em segundos, mas trombou em algo que mais se parecia com uma parede. A pancada foi tão forte que o jogou longe, deitado de costas. Ali ele ficou imóvel e aterrorizado; começou, então a ouvir o que lhe pareceram passos muito pesados. Lembrou-se das botas do coronel que pisavam fortemente no chão. Devia ser ele!
             Ficou quase sem respirar, suando em bicas. Os passos pareciam estar mais perto,cada vez mais perto! Sentiu, então, que algo estava cutucando suas costas. Com certeza era a bengala com pé de bode, do coronel. Apertou os olhos. Não queria ver nada mesmo! 
             De repente, sentiu uma baforada quente e fedorenta, junto ao seu rosto! Não havia dúvidas: era o fantasma do coronel e havia chegado a sua hora! Então, ele desmaiou!
             Acordou com a luz do sol da manhã, que já ia alta.
             Olhou ao redor, e viu que estava perto da pinguela. Beliscou-se, para sentir que estava vivo.
              Foi então, que ele viu um pouco mais distante, uma vaca do sítio. Era Mimosa, negra como uma noite sem luar,que pastava tranquilamente e olhava de soslaio para ele. 
              Lembrou-se,então, da sua louca corrida na pinguela, da trombada e da noite escura. 
              _ Hum, será que era Mimosa mesmo? Será? E se não era ela?
              Por via das dúvidas, aquela foi a última vez que o avô de Zeca passou pela pinguela maldita, mesmo durante o dia! 
              Por muitos anos, ele contou essa história nas reuniões de amigos, ou da família.
              E a pinguela ainda deve estar lá, perdida no meio dos pastos, esperando algum curioso ou descuidado. E o coronel? Sei lá!
         

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