24 julho 2014

MALBA TAHAN


                                           MALBA THAHAN 

           Relendo algumas anotações, o nome desse personagem nos chamou a atenção. Foi o pseudônimo escolhido por um rapaz que amava a leitura, a matemática além de ser exímio contador de histórias. 
           Seu nome verdadeiro era Júlio César de Melo e Souza. Nasceu em 6 de maio de 1895 e faleceu em 18 de junho de 1974; foi um dos maiores divulgadores da matemática no Brasil, através de seus contos e romances, além de ter sido professor de várias matérias nas escolas por onde passou. Uma de suas obras mais conhecidas é : O HOMEM QUE CALCULAVA, romance  com uma coleção de problemas e curiosidades matemáticas,apresentadas sob a forma de narrativa das aventuras de um calculista persa, à maneira dos contos das Mil e Uma Noites.
           Júlio César ou Malba Tahan e mais outros pseudônimos, escreveu pelo menos 120 livros, na forma de contos, romances, sobre educação, etc. Vale a pena conhecer a biografia desse grande brasileiro, que amava a escrita e a matemática, dava palestras e era excelente professor.
          Entre suas dezenas de obras, podemos citar: Contos de Malba Tahan (contos); Contos de beduíno; 
Lendas do deserto (contos ); Lendas do Oásis (contos ); Maktub ( contos ); A arte de ler e contar histórias (educação ); Mil histórias sem fim (contos ). A lista é bem grande, e para ilustrar escolhemos um conto de sua autoria, citado em " Os melhores contos de Malba Tahan" Ed. Record, 9ª edição, 1990, que transmite mensagem de ressentimento e perdão.

                                       APRENDA A ESCREVER NA AREIA 
         
  Nagib e Mussa, eram dois grandes amigos; estavam em viagem e teriam de atravessar, com sua caravana, um caudaloso rio, pulando de pedra em pedra.
 Mussa teve a infelicidade de escorregar numa pedra e cair na água revolta. Nagib não teve dúvida, pulou na água e, lutando contra a correnteza, ajudou Mussa a sair ileso, na outra margem.
 Mussa chamou seus dois mais habilidosos servos, e mandou que escrevessem numa pedra alta, que ali se achava, a seguinte inscrição:
                             VIAJANTE, NESTE LOCAL, NAGIB, NUM GESTO HEROICO, SALVOU A VIDA DE MUSSA.
  Seguiram a viagem e, depois de vários meses, voltando para casa, chegaram novamente às margens do rio caudaloso, naquele mesmo local. Como estavam muito cansados, resolveram sentar-se à sombra daquela pedra onde estava a inscrição de Mussa.
  Conversaram por muito tempo, mas, de repente, começaram a discutir e Nagib esbofeteou Mussa, que não reagiu. Ele apenas pegou o seu bastão e escreveu na areia, sob seus pés:
                               VIAJANTE, NESTE LOCAL, POR MOTIVO FÚTIL, NAGIB INJURIOU GRAVEMENTE SEU AMIGO MUSSA.
     Seu servo, estranhando o fato, perguntou-lhe:
           _Senhor, quando Nagib salvou-lhe a vida, o senhor mandou escrever na pedra a inscrição que ficará aqui para sempre, para que todos que por aqui passarem, a possam ver. Mas, agora, quando ele lhe ofendeu tão gravemente, o senhor escreve apenas na areia... Quem por aqui passar ao cair da tarde, já não verá nada, pois a inscrição terá desaparecido com o ir e vir das ondas do rio.
  Mussa lhe respondeu:
  _É que o benefício que recebi de Nagib permanecerá para sempre em meu coração. E a injúria... Mais rápido do que desapareça na areia, espero que se apague da minha lembrança. Aprenda a escrever na pedra... aprenda a escrever na areia... e serás feliz!

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