Mais uma colaboração de Veridiana Sganzela Santos:
Os cavalinhos de Platiplanto
Cavalos. Pra mim,
sinônimo de beleza, postura, inteligência, amabilidade. Estudando a
espiritualidade dos animais, aprendi que os cavalos (ao lado dos cães e gatos)
são companheiros que entendem seus tutores, são sensitivos e mantêm uma ligação
de amor e de alma com quem os cria com respeito, carinho e liberdade.
Liberdade. Tá aí algo que muitos cavalos, apesar de inspirá-la, nunca
conhecerão em vida.
Há mais ou menos uma semana, Gaúcho, aquele cavalinho que foi resgatado, muito fraco, que nem podia manter-se em pé, não resistiu às sequelas dos maus tratos. Os apaixonados por animais que ajudaram no resgate ou que acompanharam o caso lastimaram a morte de Gaúcho, mas meu consolo foi saber que, mesmo no final da vida, ele chegou a conhecer um pouco da bondade humana. E aí, não tem como eu não me perguntar: por que um sujeito quer ter um cavalo? Unicamente para fazê-lo trabalhar? Será que nessas alturas do século, ainda tem gente que enxerga o cavalo apenas como força de trabalho? E trabalho duro, levando chicotadas, sendo deixado ao sol, tomando água só quando o dono quer (ou se lembra de dar). E depois, quando o bicho fica muito velhinho, ainda corre o risco de virar carne seca.
Há mais ou menos uma semana, Gaúcho, aquele cavalinho que foi resgatado, muito fraco, que nem podia manter-se em pé, não resistiu às sequelas dos maus tratos. Os apaixonados por animais que ajudaram no resgate ou que acompanharam o caso lastimaram a morte de Gaúcho, mas meu consolo foi saber que, mesmo no final da vida, ele chegou a conhecer um pouco da bondade humana. E aí, não tem como eu não me perguntar: por que um sujeito quer ter um cavalo? Unicamente para fazê-lo trabalhar? Será que nessas alturas do século, ainda tem gente que enxerga o cavalo apenas como força de trabalho? E trabalho duro, levando chicotadas, sendo deixado ao sol, tomando água só quando o dono quer (ou se lembra de dar). E depois, quando o bicho fica muito velhinho, ainda corre o risco de virar carne seca.
É para isso que alguns seres humanos querem um cavalo? Para exauri-lo e vê-lo
definhar? Triste mundo real. É por isso que às vezes eu prefiro me enfiar num
livro e embarcar na fantasia de alguns autores. Neste caso, no belo conto dos
cavalinhos de Platiplanto, de José J. Veiga, onde esses lindos animais são felizes
e podem brincar à vontade.
Em seu livro de estreia, Veiga parece falar às crianças, mas seus contos têm muitas mensagens para nós, adultos chatos que não sabem mais fantasiar. O amor inocente pelos animais é uma dessas mensagens. Aqui um adulto conta sobre uma passagem de sua infância, vivida numa fazenda. Certa vez, ele feriu o pé ,brincando e não queria deixar ninguém mexer no machucado. Aí seu avô Rubem, em quem o garoto confiava muito, disse que se ele deixasse o farmacêutico fazer o curativo, ele ganharia uma bonita roupa para brincar a Folia de Reis, e também teria um cavalinho. Depois dessa “negociação” o garoto topou. E ficou pensando em seu cavalinho todos os dias, na maior ansiedade. Queria muito brincar com ele. Um dia, vem a notícia de que seu avô e grande amigo ficara muito doente. Tão doente, que nem deixaram que o menino o visitasse. E aí o sonho de ter seu cavalinho foi ficando distante.
Em seu livro de estreia, Veiga parece falar às crianças, mas seus contos têm muitas mensagens para nós, adultos chatos que não sabem mais fantasiar. O amor inocente pelos animais é uma dessas mensagens. Aqui um adulto conta sobre uma passagem de sua infância, vivida numa fazenda. Certa vez, ele feriu o pé ,brincando e não queria deixar ninguém mexer no machucado. Aí seu avô Rubem, em quem o garoto confiava muito, disse que se ele deixasse o farmacêutico fazer o curativo, ele ganharia uma bonita roupa para brincar a Folia de Reis, e também teria um cavalinho. Depois dessa “negociação” o garoto topou. E ficou pensando em seu cavalinho todos os dias, na maior ansiedade. Queria muito brincar com ele. Um dia, vem a notícia de que seu avô e grande amigo ficara muito doente. Tão doente, que nem deixaram que o menino o visitasse. E aí o sonho de ter seu cavalinho foi ficando distante.
Um de seus tios
comprou a fazenda do avô e avisou que dali não sairia nenhum cavalo. Muito
chateado, o menino foi andar, e andando foi parar numa outra fazenda. Lá ajudou
um homem a terminar uma ponte e ouviu um menino tocar um bandolim, que parecia
mágico. Também conheceu um senhor a quem todos chamavam de major, e o major lhe
mostrou os lindos cavalinhos que viviam ali. Cavalinhos pequenos, cada um de
uma cor, que saltavam, brincavam, divertiam-se tomando banho e dançavam. O
menino ficou encantado ao saber que todos os cavalinhos seriam dele, desde que
eles não saíssem de lá. Os cavalinhos deviam ficar ali, em Platiplanto. E aí, o
menino despertou. E nunca contou isso a ninguém, com receio de ser
ridicularizado. Mas agora, ele teria seus cavalinhos, lá, guardadinhos em
Platiplanto. E os visitava com o pensamento.
E assim como o menino, sei que há inúmeros cavalinhos brincando e divertindo-se na água, talvez não em Platiplanto, mas num céu para os animais, onde a maldade e a mesquinhez humanas não entram. Mas lá entrou seu mais recente morador: Gaúcho.
E assim como o menino, sei que há inúmeros cavalinhos brincando e divertindo-se na água, talvez não em Platiplanto, mas num céu para os animais, onde a maldade e a mesquinhez humanas não entram. Mas lá entrou seu mais recente morador: Gaúcho.
13 de fevereiro de
2014
eridiana Sganzela Santos, jornalista, estudante de
Letras e membro da Apeg (Associação de Poetas e Escritores de Garça)
******************************************
Essa história parece saída de outra, bem antiga, muito recontada, e com uma mensagem implícita: OS MÚSICOS DE BREMEN, onde os animais, depois de velhos, são abandonados à própria sorte, ou sacrificados, como foi o caso do galo, que iria para a panela. O burro seria vendido no açougue. O gato e o cachorro morreriam pelos caminhos. Conta-se, que na época em foi escrita essa história, as pessoas idosas não teriam sorte melhor. A situação era semelhante, e o autor escreveu essa fábula, criticando costume.
************************************************
Nenhum comentário:
Postar um comentário