21 maio 2016

GARÇA DE ANTANHO



                                                     UM POUCO DE GARÇA

                Como filhos da cidade de Garça, nós, do Grupo Pirlimpimpim, várias vezes fizemos noites especiais de contos. Foram espetáculos em que colocamos como título:GARÇA DE ANTANHO.
                 Esse título foi escolhido cuidadosamente, pois queríamos que essas sessões remetessem ao passado da cidade. Procuramos contar fatos curiosos, engraçados ou sobre pessoas notáveis ou folclóricas e seus feitos. E as as histórias foram surgindo ano a ano. Entrevistas e pesquisas nos ajudaram, e hoje podemos dizer que somos possuidores de um pouco da memória garcense.
                 Garça é uma cidade relativamente nova - 84 anos de emancipação política. Os pioneiros chegaram pelos idos de 1916. Desde então, mais e mais pessoas foram chegando e desbravando esse sertão. Havia índios habitando a região. Hoje nada restou deles. Para onde será que foram? O fato é que as terras da região foram sendo divididas, loteadas, cultivadas e desenvolveu-se uma nova comunidade,que recebeu a todos que aqui chegavam. Vieram os imigrantes: portugueses, italianos, espanhóis, libaneses, armênios, sírios, japoneses, etc. Foram muitos mesmo. E a pequena comunidade foi crescendo e prosperando. Vida difícil, bem diferente de nossa vida atual, sem o conforto que hoje usufruímos da energia elétrica, água encanada, transportes e comunicação. Era fogão de lenha, lamparina, banhos de bacia, água de poço, poeira ou barro na rua (se houvesse), viagens em lombo de burro ou carroça. O trem já estava chegando, mas era luxo para poucos. A saudade era resolvida pelas cartas que demoravam muito para chegar.
                   Viajando no tempo podemos contar um fato que ocorreu em 1959 ou 1960. A data é meio incerta, mas o fato foi real.
                    Numa linda tarde de primavera, o céu estava especialmente azul. Nenhuma nuvem. 
                    De repente, gritos de pavor ressoaram nas ruas:
                    _ O mundo está acabando! O mundo está acabando!
                    Muita gente correndo desesperada na rua para chegar em suas casas. Muita gente chorando apavorada. Histórias sobre o fim do mundo eram corriqueiras na época. Mais do que hoje. Só não se sabia como seria esse final dos tempos. Todos achavam que chegara o momento fatal!
                     Naquela tarde de céu tão azul, sem nenhuma nuvem, surgiu um grande risco branco que cortava o espaço de leste para oeste, seguido por um ronco assustador.
                     Só podia ser o fim dos tempos!
                     Nas ruas pessoas se ajoelhavam pedindo perdão pelos seus pecados; vizinhas inimigas se abraçavam e choravam.
                     Mas o grande risco no céu caminhava mais e mais para o oeste, tendo um ponto dourado a puxá-lo. E o ronco cada vez mais forte.
                      Apesar de todo o terror daquela tarde o mundo não se acabou.
                      A verdade que todos ficaram sabendo dias depois foi bem simples: 

                       Naquela tarde de terror passou pela região, o primeiro voo de um avião a jato, até então desconhecido de nossa cidade...
  
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